REPORTAGEM

Uma escola para cada bolso: dois exemplos exponenciais

Low Cost, Premium e Super Premium: os nomes em inglês podem parecer algo distante da realidade brasileira, mas esses modelos de escolas estão cada vez mais presentes em nosso país, oferecendo ensino de alta qualidade para os mais diversos bolsos.

No Brasil, diante de um cenário educacional público universalizado, cerca de 95% das crianças e adolescentes estão matriculados em escolas no país e mais de 18% das famílias têm seus filhos em instituições do sistema de ensino privado. É nesse mercado que as escolas estão adaptando sua oferta de ensino para atender os diversos perfis de clientes, em uma concorrência cada vez mais acirrada.

Prova disso é que os grandes grupos educacionais têm buscado variar e customizar suas opções para as famílias, oferecendo desde modelos de escolas chamadas “low cost” (ou baixo custo) - com mensalidades acessíveis e com alta qualidade de ensino, até as escolas dos nichos top de mercado, o Premium e o Super Premium.

As escolas Premium e Super Premium apostam em metodologias de ensino inovadoras, no desenvolvimento de competências socioemocionais, no forte uso de tecnologia e nos intercâmbios e experiências internacionais de alunos e equipe docente. Esses atrativos fazem parte do modelo de escola dos sonhos de qualquer família nos dias atuais- mas, como qualquer artigo de luxo-, é inacessível para a esmagadora maioria da população brasileira.

Escolas Low Cost

Escolas Low Cost são escolas privadas com mensalidades baratas para os padrões do país e ensino metodológico de vanguarda, nos mesmos moldes das escolas privadas para famílias de alta renda. Para se ter uma ideia, em São Paulo, enquanto o ticket médio de uma mensalidade escolar para o ensino fundamental gira em torno de R$ 1.200,00, nas escolas Low Cost os custos mensais variam entre R$ 500,00 a R$ 900,00. E oferecem ainda disciplinas que proporcionam a formação de competências e repertórios que correspondam aos desafios atuais das constantes transformações da sociedade. Os alunos das escolas low cost com alta qualidade de ensino têm, por exemplo, aulas de inglês todos os dias, acesso a laboratórios maker - e isso sem falar que se instalam em imóveis com ótima infraestrutura, exatamente como nas escolas privadas de primeira linha. Mas, como conseguir realizar tudo isso a um custo reduzido? Os segredos estão na eficiência em gestão e na economia de escala.

As escolas low cost foram criadas para satisfazer, majoritariamente, a demanda do público classe C que tem filhos em escolas públicas. Pessoas que aumentaram seu poder aquisitivo e fazem questão de destacar parte desse incremento de renda em educação, matriculando seus filhos em escolas particulares boas e baratas.

Mas as escolas low cost miram também, ainda que em menor escala, famílias com crianças e adolescentes que sempre estudaram em escolas privadas, mas que precisam reduzir custos por causa da queda do poder aquisitivo nos últimos anos.

Um dos grupos brasileiros que está apostando nesse tipo de instituição é o grupo SEB.  Ao total, o grupo tem quase 50 escolas, em 18 cidades, de 10 estados do Brasil, com cerca de 60.000 mil alunos. Além das escolas próprias, o grupo adquiriu as redes Maple Bear e Pueri Domus; criou a Escola Concept  (do segmento premium) e gerencia ainda outros nomes do setor como AZ, Visão e Esfera Internacional. Em 2018, o grupo passou a focar também no segmento low cost e fundou a rede de escolas de baixo custo Luminova, que abrange Educação Infantil, Ensino Fundamental, Médio e Pré-Vestibular.

“Poderíamos ter usado nossos recursos e esforços em outro tipo de negócio, mas queríamos provocar impacto social e deixar um legado para a sociedade, criando novas lideranças a partir dessas escolas. Com esse valor de mensalidade, damos a possibilidade de um aluno de escola pública passar a estudar em uma escola privada. Os resultados do ENEM comprovam que existe uma grande diferença entre escolas públicas e privadas no Brasil”, diz Nathan Schmucler, diretor geral da Luminova.

O SEB é um dos grandes grupos educacionais, que, atentos aos movimentos da economia e com foco na classe C, passaram a apostar nesse público para diversificar os seus negócios, oferecendo uma alta qualidade de ensino a famílias com o sonho de oferecer a seus filhos o mesmo tipo de ensino das escolas de elite.

Responder à persistente crise econômica, que se intensificou a partir de 2014 (números crescentes de desemprego, subemprego e aumento da informalidade), significou entender a migração de uma parcela da classe média para a classe C. Com o objetivo de manter os filhos na educação privada, a solução para os pais foi buscar por mensalidades mais baratas. Na mesma linha, uma parcela de alunos de escolas públicas conseguiu migrar para escolas privadas com custo acessível. Nas escolas low cost, 40% dos alunos vêm de outras escolas privadas e 60%, de escolas públicas.

Recebendo a partir de R$ 595,00 por aluno, a escola Luminova (Grupo SEB) tem três unidades em São Paulo e uma em Sorocaba, interior do estado. Da educação infantil ao ensino médio, as unidades oferecem inglês diariamente, tecnologia aplicada, aulas com tablets, infraestrutura bem cuidada e segurança.

Escola Luminova, 2020 - Créditos: redes sociais da instituição
Escola Luminova, 2020 - Créditos: redes sociais da instituição
Escola Luminova, 2020 - Créditos: redes sociais da instituição
Escola Luminova, 2020 - Créditos: redes sociais da instituição

“Atualmente nossa rede está com 2.600 alunos, aproximadamente em 4 escolas no Estado de São Paulo. Temos 6 contratos de novas franquias assinados este ano, sendo um deles para inauguração em Interlagos, em 2021. Nossa meta para este ano é fechar 10 contratos no total e mais 15 no próximo ano. Estamos otimistas com os resultados e a receptividade que vimos nesse modelo,” diz Nathan Schmucler.

Segundo Nathan, a Luminova consegue entregar muita qualidade e inovação por um preço justo. “Esperamos que cada vez mais isso fique claro para nossa comunidade, para não precisar pagar caro em outras escolas. Da mesma forma, temos tido bons feedbacks em relação à aplicação das metodologias ativas e das inovações da nossa escola. Democratizar o ensino de qualidade, com significado no processo de aprendizagem do aluno é nosso propósito.”

Durante a pandemia, a rede Luminova conseguiu alcançar um bom engajamento por parte dos alunos e professores, muito em função da tecnologia aplicada, que já era um dos pilares da rede, na qual existia uma plataforma digital, facilitando a migração para o “não presencial”. “Não perdemos sequer um dia de aula, fizemos aulas “ao vivo”, professores on-line e atividades assíncronas, para que mantivéssemos nossos alunos engajados. As escolhas que fizemos em termos de metodologia se confirmaram muito forte na pandemia”, afirma Nathan.

Um dos diferenciais da Luminova, segundo o diretor, é ser uma escola que está a serviço do aluno, compreendendo-o como indivíduo único, alvo de todo o processo de aprendizagem, respeitado pela sua história e por sua singularidade.

“Propomos a esse aluno o fomento às suas competências, para ser um protagonista de sucesso na construção da sua história no século XXI, através de experiências e vivências provocadas por estratégias inovadoras, de relações multiculturais, sejam virtuais, sejam presenciais, nos ambientes de aprendizagem e de mediações provocativas à dialética e ao discurso argumentativo”, completa Nathan Schmucler

Escola Mais: outro exemplo de sucesso do segmento Low Cost

A Escola Mais é outra rede de escolas de alta qualidade, que cobra mensalidades mais acessíveis dentro do segmento das escolas privadas, com mensalidades que giram ao redor de R$ 800,00. Sua primeira unidade foi aberta em 2018, na Penha, bairro de classe média na Zona Leste de São Paulo em 2020 outras duas unidades foram abertas em Vila das Mercês e Vila Mascote, bairros classe C da capital paulista.Um dos fundadores da rede, Gunther MIttemayer, explica que, durante um tempo, houve uma migração significativa de alunos da rede pública para a rede privada, mas que o mercado vem notando uma estagnação recentemente, com muitas famílias de renda mais baixa regressando ao sistema público, em função da redução da capacidade financeira. 

“A Educação Básica não é opcional e o Brasil venceu a maior parte do desafio de levar os estudantes para a escola. O desafio que temos que enfrentar agora é outro: o desafio da qualidade. Isso vale tanto para as públicas quanto para as escolas privadas. No caso das privadas, principalmente as escolas mais acessíveis têm resultados bastante irregulares, muitas vezes piores do que a escola pública ao lado”.

Com relação ao sucesso da Escola Mais, ele diz que, como em qualquer negócio, acaba se destacando quem consegue oferecer a melhor qualidade pelo melhor preço. “Então é claro que gestão e operação escolar fazem toda a diferença. Para uma escola, melhor serviço é a melhor qualidade da Educação e um relacionamento próximo com as famílias.”

E, quando o assunto é qualidade de educação, um dos grandes diferenciais nos dias de hoje é a diversidade de conteúdo ensinado aos alunos, tornando-os preparados para os desafios do século XXI.

“A questão é que o mundo está mudando cada vez mais rápido. Os alunos de hoje têm que aprender muito mais coisas do que há 20 anos. Hoje, além de português, matemática, etc., os alunos têm que saber falar inglês, serem usuários ativos e avançados de tecnologia, têm que saber trabalhar em equipe, aprender a aprender, ser resilientes, ter foco e autonomia. Nenhum de nós aprendeu isso na escola, mas é isso que os alunos precisam para estarem preparados para o futuro. As escolas que não estiverem se movimentando nesse sentido correm o risco de se tornarem cada vez menos relevantes num futuro próximo,” explica Gunther.

Sobre a crise provocada pela pandemia nos últimos meses, ele prevê que muitas escolas vão ter que fechar suas portas proximamente, mas que aquelas que estiverem mais estruturadas tendem a sair mais fortes da crise. 

“Um exemplo claro é o uso de tecnologia. Há tempos que se discute e se experimenta timidamente o uso da tecnologia nas escolas. Quando a pandemia chegou, os mais preparados se organizaram rapidamente e tiveram muito menos impacto negativo. Na Escola Mais, por exemplo, nos tornamos 100% digitais em 3 dias e não perdemos um dia de aula; mantivemos praticamente o mesmo calendário escolar. Muitas escolas levaram meses para oferecer uma solução, na maioria das vezes insatisfatória, e acabaram perdendo espaço. Acredito que, muito do que fomos forçados a aprender neste ano, será mantido no pós-pandemia e as famílias, cada vez mais, vão entender que o mundo de hoje precisa de uma nova escola, para preparar seus filhos para um futuro que não sabemos como será.”

Exemplos de escolas
Low Cost:

Vereda
Luminova
Escola Mais
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Escolas Super Premium: o exemplo da Avenues

Escola Avenues - Créditos: Divulgação
Escola Avenues - Créditos: Divulgação
Escola Avenues - Créditos: Divulgação

Com a chegada de novos players ao mercado, pensar em “escolas de elite” requer sair do lugar comum de tudo o que conhecemos de escolas tradicionais. Não basta preparar cidadãos conectados às constantes transformações do mundo e formar líderes. É preciso fazer isso de forma mais tecnológica, colaborativa, dinâmica e pensando sempre que esses alunos precisam estar preparados para universidades e empregos internacionais e não só no Brasil. Sem falar que precisam estar preparados para muitas profissões que ainda nem existem.

Essas são algumas das premissas de instituições de ensino de alta performance - acessíveis para um seleto grupo de famílias dispostas a desembolsar até doze mil reais por mês (por aluno).

Um dos mais emblemáticos exemplos desse modelo é a escola Avenues, que teve seu primeiro campus inaugurado em 2012, em Nova York, com investimento de US$ 100 milhões. Em 2018, o grupo escolheu São Paulo (SP) como sede da segunda unidade, onde cerca de 1.200 alunos e 254 profissionais passam de 8 a 10 horas (em ano letivo tradicional, fora do ensino remoto emergencial), entre disciplinas obrigatórias e optativas - como Robótica, Integração Digital, Teatro e Finanças. A anuidade para o ciclo correspondente ao ensino médio é de cerca de R$142.000. O pagamento da anuidade inicia-se com um depósito inicial de R$ 18.800, sendo o valor restante dividido em parcelas mensais até fevereiro do ano seguinte.

A escola, cujo idioma oficial é o inglês, segue o calendário letivo americano (de agosto a junho) e os alunos colaboram entre si em projetos das unidades de Nova York e Shenzhen (China). Com duplo diploma, eles têm a opção de cursar o ensino superior no Brasil ou no exterior.

O plano de expansão da Avenues inclui novas unidades nos EUA - uma no Vale do Silício, em 2021, e a outra em Miami, em 2023.

“Além disso, para atender uma demanda das famílias que vivem em Nova Iorque, o grupo criou a Avenues Studio Hamptons, com um programa para alunos cujas famílias se realocaram para essa região de veraneio durante a quarentena. A prioridade em tempos de pandemia é com a saúde e o bem-estar de todos os membros da comunidade escolar: estudantes, famílias...”, diz Cristine Conforti, diretora do programa brasileiro na Avenues São Paulo.

Segundo Cristine, a Avenues se define como uma “nova escola pensamento”, que permite formar “arquitetos de uma vida que transcenda o comum”. “A Avenues é uma World School. Isso significa que conduzimos uma proposta de educação internacional, organizada com base em um currículo consistente e unificado em sua "globalidade", mas criativo e aberto a experiências, de modo a se integrar à cultura local de cada um de seus campi pelo mundo. Esse preceito se afirma pela pluralidade cultural, pela perspectiva de diversas línguas e vozes dialogando e construindo um projeto de futuro fundado em valores de acolhimento, segurança e respeito.”

Além dessa perspectiva de sintonia e sinergia entre diversas culturas e línguas, a Avenues pratica o que considera ser imprescindível para o aluno do século XXI: pensar com autonomia e generosidade, atuar em seu tempo com vistas ao futuro comum, pesquisar e criar com entusiasmo e motivação, trabalhar em equipe, e ainda exercitar-se em um aprendizado multidisciplinar, alinhando conhecimentos e propondo resultados.

Exemplos de escolas Premium e Super Premium:

Concept
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